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domingo, 5 de abril de 2015

TEREZA D'ÁVILA

TEREZA D’ÁVILA

No quadradinho de tua cela
vi teu êxtase tanto pedido
também a seta partida
do peito do anjo divino.
Da minha própria cela, Tereza,
volto os olhos para ti
e digo com toda certeza:
 também fui alvo, Tereza,
também fui alvo, Tereza!...
pois que tenho a seta inda presa
preenchendo meus dentros vazios.

De tu
- não sei bem o que querias -
mas meu coração, Tereza,
não pode ser só de Jesus
e nem quero por alegria
as dores da Santa Cruz.
Sei que me sabes, Tereza,
pois que me viste mergulhar
em olhos de mar nascidos
nos claros da luz solar.
De um outro anjo lanceiro
- qual teu poeta João –
recebi o que poucos entendem:
o prazer de ficar na prisão.

Tu que estiveste comigo, Tereza,
quando a espada do destino
pendeu para a minha cabeça
a tua estendida palma
desviou-a  suavemente
para o centro da minha alma.

O teu destino, Tereza,
no teu dia foi consumado,
mas o meu ainda não sei...
só sei que me foi ofertada
num copo do anjo a bebida
daquela água, Tereza,
que mata todas as sedes
e dá vida a quem quer vida.

Tim-tim!

Neuzamaria Kerner

O Livro-arbítrio das Evas
dentro e fora do jardim
EDITUS, 2014

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