Escapuliu do seio cósmico
e
de repente se instalou
no
espelho que era mudo
e
apenas espelho.
Não
houve turbulência
na
sua passagem para a minha dimensão.
Eu
sei que não houve
pois
que silencioso
apenas
apareceu com seu perfil de prata...
e
nenhum vento anunciou
a
sua chegada e a sua presença.
Houve
turbulência, sim
no
meu âmago desabrido
e
no meu coração que era incerto
e
apenas coração.
Incluiu-me
no banquete de sua luz
e
despiu-me da opacidade
que
me fazia sombra.
Diante
da sua luminescência
apodera-se
de mim a clareza das trilhas
que me apontava um dia
e eu
por vezes indocilmente segui.
Eu que
era bruta forma
e
apenas eu.
Olho
você no meu espelho transmudado em janela
que me
mostra mundos para frente e para trás,
perto e
longe... e me faço elastizada em
consciência.
Dentro da vastidão da
minha ignorância
intuo
que tenho estado no ventre do Universo
que
me criou e me faz parte de todos os
espaços
Como criança,
estou grávida de muitos futuros.
Como poeta
me
atrevo ao desrigor da razão
e não busco o enigma
inominante
que exubera nesse espelho
frente a mim...
Apenas
me alimento dessa fonte de inspiração
Como Alma recebo o seu reflexo
que
me resgatará para a imortalidade
e
me lançará dentro da luz
de onde
provém todas as luzes.
Neuzamaria Kerner
O Livro-Arbítrio das Evas
dentro e fora do jardim
EDITUS,2014
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