Em 1996 estava em Ilhéus (Bahia). Era início de maio, eu estava muito cansada porque o dia havia sido pesado de tanto trabalho. Mesmo assim fui para a casa de Ishwari, amiga e irmã de alma, para a meditação. Estava anoitencendo quando acabei de atravessar a ponte que vai para o Pontal. Entre o céu e a terra, com todo o seu explendor estava a lua. Grande. Prata acabada de ser polida e parida.
Parei extasiada. Quem passava parecia não ver o que eu estava vendo. Então comecei a chamar todo mundo, pedindo que olhassem para o céu. Alguns olharam e continuaram seu caminho. Outros deram uma paradinha e logo seguiram. Comecei a chamar mais alto, mais alto, olhem, olhem, olhem, vejam e recebam o presente que estão nos mandando. É a lua, minha gente!
Devem ter pensado que eu era doida. Pode até ser... de vez em quando eu me destrambelho toda. Ainda mais quando aparece um luão daqueles!
Como o tempo passa! Há 15 anos fiz o poema que transcrevo aqui, bem como um trecho da mensagem da minha amiga, me lembrando da lua de maio. Olhei para o céu e lá está a lua de todos nós de novo. Estonteante!
"...E esses dias têm estado bem frio aqui, pena que não pude ver a lua cheia ontem (Vesaki-Buda) por conta de muita chuva. Estive envolvida na Convenção da Self Realization Fellowship - A Sociedade da Auto - Realização - com o espírito que ainda me perpassa, lhe abraço e a todos os seus (principalmente Julia). Que a Lua Cheia do Guru invada nossos corações e espírito nos alçando a voos inimagináveis de Luz e Bem. Bjnho. Ishwari"
Quando estiver o mundo em desando
E imperar a dor do só na multidão
Levanta os olhos cativos do chão
E olha a Primeira-Lua-de-Maio.
E quando se esvair do dia a luz
E nos disser o dia:"eu saio"
Olha o céu e canta contente
À Primeira-Lua-de-Maio.
A noite ao soltar da lua o lume
E mostrar da lua o perfume
O último crescente de abril é o ensaio
Para a Primeira-Lua-de-Maio.
Qual uma flor no botão apresada
A noite se vai libertando em desmaio
Para acolher o brilho crescente
Da Primeira-Lua-de-Maio.
Eis que afinal se instala inteira
bola de fogo, divino raio:
Faz-se um poema, divina oferenda
À Primeira-Lua-de-Maio.
04/05/1996