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Amante das mágicas de Aladim.

domingo, 24 de junho de 2012

ALGUMAS (IR)RELEVANTES DESCOBERTAS NO AZUL DA AZUL





Quando pensei que encontraria quem apagasse os meus incêndios,
descobri que continuava,
eu própria,
apagando os alheios.

Descobri que as pessoas que eu considerava as mais perfeitas,
continuaram perfeitas,
embora tivessem mais dores ocultas
do que as minhas.

Os meus herois possuem tantos medos
quanto eu:
        medos diferentes
        porém medos apenas.

Os mestres que digo serem meus continuarão sendo,
mas agora tenho um outro olhar sobre eles.
Então descobri que sou mestra
de mim mesma.
 
Descobri que acima das nuvens o arrebol também é belo,
vermelho e alaranjado e indefinível
e curvo
no horizonte
que me entra nos olhos de ver através da janela da Azul
adejando sobre nuvens me levanto para o infinito dos sonhos...
        e sonho mais e além.

Homens – muito mais do que imaginava –
mesmo os grandes e musculosos,
tremem dentro das turbulências dos voos.
Isso me obrigou o exercício da calma e da coragem para poder
segurar-lhes as mãos.

Os exercícios físicos me estressam ou cansam;
os da alma me ensinam o inensinável:
humildade.

Pedir perdão, verbalizando, só para agradar e deixar o outro feliz
porque ganhou uma batalha
        mesmo aparente
não me interessa mais.

As minhas descobertas são novas para mim,
mas é provável
que o homem ou a mulher da caverna
já as tinham feito também.

Muitos pensam que sabem muito o que sabem
         assim como eu,
mas a sabedoria que dá o saber de si mesmo
é a que amplia por dentro.

Foi duro ver que muitos dão o que não têm para si:
         amor
         companhia
         paz!

Descobri que sou tão fraca quanto os que bradam que não o são...
mas num canto escondido roem as unhas
se roem na solidão.

Descobri que a cada dia sou outra porque cada dia
em suas particularidades
é um divisor de ciclos.

Todos gostam de mágica. Os que dizem não gostar
a querem tanto que mentem
só pra manterem os pés no chão.
Quanto a mim, quanto mais levito mais a mágica acontece porque existe
de verdade:
        a minha!
 
Descobri que qualquer dependência é dependência
desde a dependência do outro até o creme dental ou,
quiçá,
a marca do papel higiênico.
Sou valente, a coragem me possui
       – nos possuímos –
quando posso admitir que também
         dependo
         dependo!
 
Descobri que somos todos muito ocupados
         - quando queremos -
ou quando precisamos dizer que somos
         - mesmo sem sermos -

Todos tocamos qualquer instrumento, mesmo quando,
em verdade, nada tocamos... e tudo é música
       a que nominamos
       porque é nossa.

Descobri que detesto meus grossos braços
mas os uso a todo instante porque
         abraço abraço abraço
porque sou feita de mais do que braços,
por isso linda e linda...
e há gente que ainda
nem descobriu que tem braços.

                                                        Neuzamaria Kerner

                            Voo Azul: Ave Cristo-Birigui-Araçatuba-Campinas-Vitória

                                                                  23/06/2012

Um comentário:

Rodrigo ES-RJ disse...

O poema transparece toda a beleza, a emoção e a vivacidade do caminho do autodescobrimento: "descobri que sou mestra de mim mesma". Parabéns pela sua grande jornada em direção ao mais belo que existe: a essência do eu interior ou Deus em nós.