Quando a doçura da
infância vivia em mim
aprendi
uma canção: Barqueiros do Volga.
Ficava
imaginando...
como
seriam esses barqueiros
para
onde remariam
como
seria o Volga
onde
ficaria esse rio
que
nunca eu conseguia
localizar
no mapa nas aulas de geografia.
Hoje,
tão distante a infância,
ao
andar pela vida
encontro
Seu Galego*, o barqueiro do rio Pardo,
que
me leva noite a dentro
para
a segurança de outras margens.
Me
atravessa a lembrança daquele Volga,
rio
que nunca conheci.
Os
braços valentes do barqueiro comandam,
o
remo trabalhador obedece.
As
estrelas desenham partituras no céu
e
indicam o certo navegar.
Me
entrego à travessia quase ausente de mim mesma...
Devo
estar no Volga:
o
vento me abraça
e
solfeja serenatamente só para mim a antiga melodia:
do... la... re... la...
São
João do Paraíso - 16/11/99
*Apelido do Sr. Otoniel, presidente da AUTA - Associação Unida dos
Trabalhadores na Agricultura. Ex-sem terra, fazedor da História do Brasil, na
luta pela Reforma Agrária. Fazenda Nancy - Mascote/Ba.
Neuzamaria Kerner
O LIVRO-ARBÍTRIO DAS EVAS
-Dentro e fora do jardim -
EDITUS - 2014
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