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sexta-feira, 2 de julho de 2010

O DOIS DE JULHO É MEU PAI.

... E não pode ser de outra forma porque a minha referência é puramente sentimental. O livro de História da Bahia me ensinou uma coisa sobre o Dois de Julho que, em verdade, foi apenas a ponte que conduziu a celebração baiana para os meus átrios cardíacos. Nesses espaços meu pai sacralizou o meu Dois de Julho.



Bom, quem me sabe, sabe também como aprendi (oficialmente) a ler: meu pai pegava um jornal e ía me mostrando as letras grandes... Aprendi o ABC (a bê cê dê é fê guê agá i ji lê mê nê ó pê quê rê si tê u vê xis zê) direto e salteado e depois solenemente soletrei o meu nome: Nê É U -neu- Z A -za- M A -ma- R i -ri- A. Quem quiser saber como é isso é só pesquisar e ouvir o Galope à Beira Mar Soletrado (Xangai e Ivanildo Vilanova).

Ler e escrever o meu nome. O que há mais de meu, a minha alma. Foi a Glória!!!

Extra oficialmente eu já havia aprendido a ler as histórias e mentiras escabrosas e engraçadíssimas e assombrantes de meu pai. Só pra me gabar mais, por ele e com ele, eu conhecia as histórias de Sherazade de trás pra frente e de frente pra trás. Isso sem falar que aos 11 anos eu já era íntima do poeta da antiga Pérsia, atual Irã, Omar Khayyam (1048-1131), um dos primeiros da fila dos meus amantes.

Então, no Dois de Julho, meu pai levava a mim e minhas irmãs - Marise e Marinalva - para a Lapinha. Logo cedo mainha providenciava o nosso banho, o pentear dos cabelos. Na pele rescendia o cheiro de seiva de alfazema da phebo. Lá íamos, quase Marias Quitérias marchando cataventos verdes e amarelos e bandeirinhas azulvermelhobranco de Brotas até a Lapinha. Nesse trajeto histórias mil iam sendo contadas pelo cara mais sábio do mundo. Éramos educadas  para a vida dos iguais e diversos nessa caminhada. Por isso somos limpinhas.

Repentinamente o carro do Caboclo e da Cabocla se descortinava em penas deslumbrantes diante de nossos olhos arrebatados de cores. As marchas e dobrados tocados pelas bandas do Corpo de Bombeiros  e da Polícia Militar bumbavam no peito baiano. Os alunos das escolas disputavam a melhor posição com suas fanfarras e com as meninas mais bonitas, fazendo evoluções com suas balizas, sendo o destaque principal, a aluna, Semírames, do Colégio Ypiranga. E a batalha sadia continuava entre os alunos do Colégio Estadual Góis Calmon (é pequeno mas é bom), do Severino Vieira (entra vivo e sai caveira), Anísio Melhor (entra burro e sai pior). Meu Deus, quem mais se lembra disso? Anna Amélia Marback, me ajude a lembrar!

Ele, meu pai, guardião das suas princesas, nos regia o hino. Era o Dois de Julho. Simbolicamente a minha independência. O Sol que brilha mais que o primeiro. Ouçam e vejam o video abaixo. (http://www.youtube.com/)

Inté!

p.s. O Brasil acaba de ganhar (há controvérsias). Mas ponto de vista é ponto de vista. Ponto. Pronto.




7 comentários:

Silvia Kerner disse...

Essa é a referência que temos do nosso DOIS DE JULHO.
O blog de divulgação dos meus trabalhos é:

http://universodasarteseimaginacoes.blogspot.com

Bjs

Oswaldo Antônio Begiato disse...

esplêndido.
bjos.w

Angelica Cuzzuol disse...

Belo!!!!
Nesta clara e fresca manhã de domingo vesti-me também de menina e acompanhei esse trio por ruas que desconheço numa festa que nunca vi. Essa é a beleza da poesia. Esse é o poder das emoções!
Beijos e abraços.

Fabrício Brandão disse...

Recordações de um tempo que jamais se esvai. O bacana da vida é ter memória, sobretudo quando esta é usada para enaltecer ensinamentos valiosos. Essa energia que brota da sua relação com o seu pai se assemelha muito ao que está na letra de Pai e Mãe, belíssima e sensível canção do disco Refazenda, de Gilberto Gil.

Beijos!

PS: No dia 2 de julho, também concordo, o Brasil ganhou.

Tânia Suzart Arts disse...

Bravo,Neuzamaria!
Nada mais justo que a sua homenágem ao dois de julho seja direcionada a seu pai.
Datas cívicas me fazem lembrar também minha mãe. Parecia que o patriotismo dela era o maior de todo brasileiro, fazendo questão de transmiti-lo não só a seus filhos como também a seus alunos.
Hoje, sinto a falta daquele entusiasmo.
Um grande abraço.

ITAPEBI disse...

Maravilha!!!!!!
Parabens!! Um Blog de verdade.
Beijos mil!!!!!

Anônimo disse...

neuzamaria:
estamos lado a lado na diversos afins.
é um prazer.
romério