TEREZA D’ÁVILA
No
quadradinho de tua cela
vi
teu êxtase tanto pedido
também
a seta partida
do
peito do anjo divino.
Da
minha própria cela, Tereza,
volto
os olhos para ti
e
digo com toda certeza:
também fui alvo, Tereza,
também
fui alvo, Tereza!...
pois
que tenho a seta inda presa
preenchendo
meus dentros vazios.
De
tu
-
não sei bem o que querias -
mas
meu coração, Tereza,
não
pode ser só de Jesus
e
nem quero por alegria
as
dores da Santa Cruz.
Sei
que me sabes, Tereza,
pois
que me viste mergulhar
em
olhos de mar nascidos
nos
claros da luz solar.
De
um outro anjo lanceiro
-
qual teu poeta João –
recebi
o que poucos entendem:
o
prazer de ficar na prisão.
Tu
que estiveste comigo, Tereza,
quando
a espada do destino
pendeu
para a minha cabeça
a
tua estendida palma
desviou-a suavemente
para
o centro da minha alma.
O
teu destino, Tereza,
no
teu dia foi consumado,
mas
o meu ainda não sei...
só
sei que me foi ofertada
num
copo do anjo a bebida
daquela
água, Tereza,
que
mata todas as sedes
e
dá vida a quem quer vida.
Tim-tim!
Neuzamaria Kerner
O Livro-arbítrio das Evas
dentro e fora do jardim
EDITUS, 2014
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