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sábado, 21 de maio de 2011

CINCO CANTOS À PRIMEIRA LUA

Em 1996 estava em Ilhéus (Bahia). Era início de maio, eu estava muito cansada porque o dia havia sido pesado de tanto trabalho. Mesmo assim fui para a casa de Ishwari, amiga e irmã de alma, para a meditação.  Estava anoitencendo quando acabei de atravessar a ponte que vai para o Pontal. Entre o céu e a terra, com todo o seu explendor estava a lua. Grande. Prata acabada de ser polida e parida.

Parei extasiada. Quem passava parecia não ver o que eu estava vendo. Então comecei a chamar todo mundo, pedindo que olhassem para o céu. Alguns olharam e continuaram seu caminho. Outros deram uma paradinha e logo seguiram. Comecei a chamar mais alto, mais alto, olhem, olhem, olhem, vejam e recebam o presente que estão nos mandando. É a lua, minha gente!

Devem ter pensado que eu era doida. Pode até ser... de vez em quando eu me destrambelho toda. Ainda mais quando aparece um luão daqueles!

Como o tempo passa! Há 15 anos fiz o poema que transcrevo aqui, bem como um trecho da mensagem da minha amiga, me lembrando da lua de maio. Olhei para o céu e lá está a lua de todos nós de novo. Estonteante!

"...E esses dias têm estado bem frio aqui, pena que não pude ver a lua cheia ontem (Vesaki-Buda) por conta de muita chuva. Estive envolvida na Convenção da Self Realization Fellowship - A Sociedade da Auto - Realização - com o espírito que ainda me perpassa, lhe abraço e a todos os seus (principalmente Julia). Que a Lua Cheia do Guru invada nossos corações e espírito nos alçando a voos inimagináveis de Luz e Bem. Bjnho. Ishwari"

Quando estiver o mundo em desando
E imperar a dor do só na multidão
Levanta os olhos cativos do chão
E olha a Primeira-Lua-de-Maio.

E quando se esvair do dia a luz
E nos disser o dia:"eu saio"
Olha o céu e canta contente
À Primeira-Lua-de-Maio.

A noite ao soltar da lua o lume
E mostrar da lua o perfume
O último crescente de abril é o ensaio
Para a Primeira-Lua-de-Maio.

Qual uma flor no botão apresada
A noite se vai libertando em desmaio
Para acolher o brilho crescente
Da Primeira-Lua-de-Maio.

Eis que afinal se instala inteira
bola de fogo, divino raio:
Faz-se um poema, divina oferenda
À Primeira-Lua-de-Maio.

                                                                                               04/05/1996



quinta-feira, 19 de maio de 2011

O LIVRO DA HELOÍSA RAMOS, O MEC E ADONIRAN BARBOSA

Os preconceitos, quaisquer que sejam, são sempre maléficos para a sociedade porque resultam em injustiças. Um dos problemas que nós, seres humanos atentos à boa convivência, temos é a dificuldade de entender para respeitar as diferenças e as circunstâncias de cada um. Esse respeito não pode ser imposto por nenhuma lei porque isso promoveria mais desigualdades, menos tolerância, mais hipocrisia e, consequentemente, mais violência. A história nos mostra tristes exemplos resultantes das imposições.

Na minha postagem anterior quando, no texto inteirinho, utilizei a norma não padrão da língua portuguesa foi para demonstrar o meu desagrado, num tom satírico, não exatamente sobre o livro da Heloísa Ramos – que ainda não li para entender melhor a intenção da autora. Abordei outros assuntos que a imprensa vem informando – o jeito como informa – e que passam despercebidos pelo leitor “desligado”. A intenção foi demonstrar como o preconceito acontece e não nos damos conta.

Quando saio do mato e venho para esta “selva”, tomo conhecimento do que anda rolando entre as pedras e, algumas vezes, me sinto motivada para escrever do jeito que sei e sinto do que me vem do mundo exterior. Agora estou motivada pelo que se tem divulgado a respeito do livro Por uma Vida Melhor, aprovado pelo MEC, no qual a autora desconsidera as regras da gramática normativa. Dizem os que leram.

De imediato lembro-me dos tempos que lia Noam Chomsky que dizia ser a linguagem instintiva e de como era complexo o sistema cognitivo na ciência da linguagem. Mas ele é linguista e não gramático. Em outros momentos passei pelos livros A Língua de Eulália, O Preconceito Linguístico e também Dramática da Língua Portuguesa do professor Marcos Bagno.

Como não estou defendendo nenhuma tese de doutorado neste espaço, não vou ficar aqui de bla-bla-bla falando de teóricos e teorias. Meu caso mesmo é o preconceito. É a forma como nos colocamos diante de algumas situações, de como o outro é e como age. Há, entretanto, a outra face do preconceito quando nos faz compreender o seu lado benéfico: o preventivo que mostra como somos inconsequentes ou ingênuos ao considerar que a igualdade deve ser absoluta.

Quero acreditar que a autora teve a intenção de mostrar as variantes linguísticas; que a língua é dinâmica; que é feita pelo falante, daí as inovações, os empréstimos, os neologismos; que os alunos devem reconhecer a língua popular, mas entender que dentro de situações como um vestibular, outros concursos, etc, a norma culta é a que é aceita. Eu mesma nunca soube que as universidades ou o próprio MEC – nas redações do ENEM – aceitem a utilização de nóis foi / nóis é jeca, mais é pode de rico e por aí vai... No entanto se a intenção foi a atender determinadas ideologias, aí o buraco é mais embaixo.

Meu amigo (adoro me exibir) Affonso Romano de Sant’Anna me escreveu dizendo sobre o meu texto: “A coisa é mais complicada e diferente do que diz a imprensa”.

http://www.affonsoromano.com.br/blog)

Bom, então para os professores que dormem agarrados às regras gramaticais, o assunto é grave. Saber lidar com o novo é abandonar os tais preconceitos de que venho falando. Não sou lá muito gramatiqueira, mas também não aceito – em determinadas situações – a bagunça generalizada. Discriminar é pavoroso; ser preconceituoso em qualquer aspecto, é retroceder e separar. Isso é mais pavoroso ainda.

Clarice Lispector escreveu Água Viva e não usou pontuação explícita, porém não deixou de ser a nossa Clarice. Saramago idem. Convenhamos que arte é uma outra situação.

Agora volto pro mato porque Adoniran Barbosa está cantando pra gente ouvir (leiam a letra).

O Arnesto nos convidô prum samba, ele mora no Brás
Nóis fumo e não encontremos ninguém
Nóis vortemo cuma baita duma reiva
Da outra veiz nóis num vai mais
Nóis não semos tatu!
O Arnesto nos convidô prum samba, ele mora no Brás
Nóis fumo e não encontremos ninguém
Nóis vortemo cuma baita duma reiva
Da outra veiz nóis num vai mais
Outro dia encontremo com o Arnesto
Que pidiu descurpa mais nóis não aceitemos
Isso não se faz, Arnesto, nóis não se importa
Mais você devia ter ponhado um recado na porta
Anssim: "Ói, turma, num deu prá esperá
A vez que isso num tem importância, num faz má
Depois que nóis vai, depois que nóis vorta
Assinado em cruz porque não sei escrever Arnesto"

terça-feira, 17 de maio de 2011

FALÔ INTENDEU TUDO É CUNVESSA

FALÔ INTENDEU TUDO É CUNVESSA
FALÔ INTENDEU TUDO É CUNVESSA
FALÔ INTENDEU TUDO É CUNVESSA

Agora num vô mais me preocupá in iscrevê direitinho igual a quem já andô nas iscola. Deu na TV qui o elicopitero de Marrone caiu porque ele num tinha brevê pur causa que pra fazê o cusso pra tê o brevê a pessoa tem qui tê, pelo menos, o ensino fundamental compretado. Bobage, um monte di pulítico tombéns num tem.

Um moço, acho qui o nome é Craudio de Moura Castro falô hoje na TV, quando os repórter tavam avaliano as iscola. Ele disse qui "há muitos truques para tornar a escola interessante". Fala bonito, direitinho e certinho. Mas num disseru in qui iscola ele vende aula. Dizem que professô tem qui vendê aula porque se dá - de gratis - num fica rico como o home, ministro de alguma coisa lá de São Paulo, quin quatro anos, dupricou a furtuna in 20 vez. Vixe, como se faz isso?

Derraderamente tô num víssio de TV! Hotem vi uma nutiça qui uma loura, jove e bunita matô o amázio nu motel. A repórter ripitiu muitas vez as qualidade da criatura. Se fosce uma véia, feia e de cabelo cor de burro quando foge podia açaçiná sem pobrema?

Dá pra mi intendê aí? Disseru tobém num livro que agente num priciza mais falá e iscrevê certo. Intão... num me procupo mais cum ENEM, nenem... sei lá! O guverno ta igualzinho a minha pessoa - nesse aspecto - somente nesse, grassas a meu bom pai qui ta no ceu - de num precizá falá com norma curta. Norma deve de sê aquela moça da novela das 9, né?

Pur falá in guverno, mostraru na TV um professô falano da língua protuguesa, falanu de preconceito linguístiko... uns negoço assim. Achei o video e dêxo aqui pra voçês intenderem do que to falano. Todo mundo sabe mermo qui falô intendeu, tudo é cunvessa.

Video: Prof. Sérgio Nogueira - Bom Dia Brasil, 17/05/2011 - Youtube - Dê 2 cliques no link abaixo.